A Terra Santa atrai muita gente, mas tem as suas particularidades. É uma experiência única para qualquer família cristã ou interessada em conhecer as origens da civilização judaico-cristã ocidental. Conheça os seus lugares mais emblemáticos e tome nota dos conselhos para uma viagem inesquecível.
Escrever sobre Israel, Palestina, Terra Santa é um grande desafio. Após dar muitas voltas ao assunto pensámos que o melhor é começar esta reportagem dando alguns conselhos e recomendações sobre como programar uma viagem com os filhos à Terra Santa. Eu vivi essa aventura com a minha família, e quero que aqueles que viajarem para lá tirem o máximo partido das suas férias. Esta é a primeira das minhas recomendações: utilizar os serviços de um bom guia oficial. Graças ao nosso guia León, um verdadeiro profissional, nós fizemos uma viagem maravilhosa e vimos todo o país, explicou-nos tudo o que era para explicar, respondeu a todas as nossas perguntas, em suma, tornou a nossa estada muito mais proveitosa. A partir daqui quero agradecer publicamente a León.
Curiosidades gastronómicas
À hora da refeição há que ter em conta algumas questões. Por exemplo, as especiarias e o picante. O seu conceito de comida «não picante» é muito peculiar. Depois de ver nos buffets de pequeno-almoço travessas com «malaguetas», nada mais nos surpreende. Por isso, temos de ter em conta que quando pedimos comida não picante, é necessário frisá-lo bem. Se jantarmos no hotel, devemos saber que as crianças não poderão consumir produtos lácteos na sala de jantar, por causa das normas religiosas de alimentação kosher que regem que tipo de alimentos se podem consumir e/ou misturar. É devido a estas mesmas normas que no pequeno-almoço não são servidas carnes nem enchidos. O que mais nos pode afectar e notaremos é a incompatibilidade no mesmo restaurante de produtos de carne e produtos lácteos. Cerca de 95% dos hotéis e 50% dos restaurantes seguem as normas kosher. Por isso, se as crianças tomam biberão, ou comem produtos embalados que tenham produtos lácteos ao jantar, o melhor é procurar um restaurante não kosher para jantar. É claro que há McDonalds kosher e não kosher.
A variedade de saladas, pratos de verduras e frutas é enorme. Para fazer uma ideia de como apreciam os vegetais, em muitos restaurantes servem água e sumo de laranja e/ou limão sem ter necessidade de o pedir. Sem contar que uma refeição «normal» começa com 4-5 pratinhos de diferentes tipos de salada ou pratos vegetais.
O Sabbat
É a celebração judaica semanal, semelhante a um domingo, mas com a particularidade de que é realizada com muito rigor. Desde o anoitecer de sexta-feira, ao anoitecer do sábado, os judeus não podem fazer nenhum tipo de trabalho ou actividade. Como seria muito extenso explicar tudo o que significa, vamos centrar-nos em algumas questões que nos podem afectar na altura de visitar o país.
Nos hotéis há elevadores «Sabbat» que param em todos os pisos sem intervenção humana, ou seja, se ficarmos alojados no piso 17, o elevador parará também nos outros 16. Conforme o hotel seja mais tradicional ou não, haverá mais ou menos elevadores «normais».
Na comida, nada pode ser elaborado com fogo ou cozinhado, no máximo pode conservar-se o calor com placas quentes. Isso significa que não haverá leite quente, o café será aquecido e não se pode torrar o pão.
Muitas loja fecham, por isso a solução é ir às lojas árabes, que estão abertas. O lugar onde se leva mais a rigor o Sabbat é em Jerusalém. É uma decisão nossa se queremos ver o Sabbat em todo o seu esplendor ou se preferimos poupar-nos aos inconvenientes. Há turistas que utilizam este dia para alugar um carro e conduzir, porque costuma haver menos trânsito.
O que precisa saber sobre o voo
A partir de Portugal há voos com escala em Telavive de Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada ou Madeira, e pode escolher várias companhias. Como sempre que vamos voar, deveríamos ver na web da companhia a normativa quanto ao peso de cada mala. Antes de expedir as malas, fazem-lhe algumas perguntas sem importância, não lhes interessa as respostas, mas «como» responde. Segurança passiva, penso que é assim que lhe chamam. No regresso, voamos a partir do aeroporto Ben Gurion de Telavive, onde as medidas de segurança são as mais altas do mundo. Por esse motivo o ideal é chegar com três horas de antecedência.
O pessoal de segurança é muito simpático, mas se há algo que não lhes agrada nas malas, fá-lo-ão passar por um gabinete à parte. Aí far-lhe-ão perguntas e, de acordo com as respostas, fá-lo-ão abrir ou não a mala. Em nenhum momento há tensão ou maus modos, mas ninguém, por muito importante que seja, pode evitar o controle de segurança. O meu conselho é juntar os presentes de metal, os cremes do mar Morto, a água do Jordão, etc., na mesma mala, e colocar a roupa noutra, pois desta maneira só o farão abrir uma mala.
Eu tenho uma teoria sobre a segurança no aeroporto Ben Gurion. Penso que não procuram explosivos ou armas que se queiram introduzir nos aviões, mas querem evitar que os passageiros disponham de armas para se defenderem dos preços nas cafetarias depois de passar o controle de segurança. Os dois piores cafés que tomei na minha vida custaram-me 9 dólares.
Começa a viagem!
Agora chega a parte mais emocionante: o percurso por lugares tão fascinantes que farão as delícias de toda a família. Tomámos banho e nadámos no mar Vermelho, montámos em camelo para dar um passeio por Jerusalém, subimos ao Monte das Oliveiras e ficámos fascinados com a história da Porta Dourada e o Muro das Lamentações. Flutuámos no mar Morto e relaxámos como nunca o tínhamos feito para depois entrarmos num todo-o-terreno e visitar Belém. Chegámos à Galileia a partir de Telavive e «baptizámo-nos» no rio Jordão. Foi um viagem muito completa. Uma experiência única que nunca esqueceremos.
Mergulhe no mar Vermelho
Embora o mar Vermelho e Eilat não sejam o que poderíamos chamar «território bíblico», merece a pena visitá-los. Faz-se o percurso de carro, que é um muito bonito, e passamos pelo deserto. Eilat tem boas infra-estruturas hoteleiras e bastantes recursos para passar uns dias de turismo de sol. As crianças podem divertir-se no mar Vermelho e nas suas águas cristalinas, com parques aquáticos, um magnífico aquário e, inclusive, com um parque temático «bíblico». Além disso, há empresas dedicadas a passeios de camelo ou dromedário, pode escolher desde passeios de vinte minutos, a rotas de dia inteiro com refeições incluídas. Outra actividade muito atractiva é nadar ou mergulhar com golfinhos, mas é importante chamar a atenção que ambas as actividades se realizam em águas abertas e a certa distância da margem. Ou seja, trata-se de que os nossos filhos irão estar a 200 metros, no mínimo, e, no caso do mergulho, mergulhem com botija de oxigénio. Cada um tem que ver se os seus filhos estão preparados ou não. O mar Vermelho é incrivelmente bonito e as suas águas mornas e calmas. Mergulhar, mesmo sem necessidade de botijas, mergulho natural, é um grande prazer. Recomendo usar um creme protector solar com repelente de medusas, porque o sol é muito forte e existem medusas que podem ser incómodas.
Deixe fluir os seus pensamentos
O mar Morto é algo único e especial. A melhor data para ir é na Primavera e no Outono, pois a temperatura é semelhante ao Verão português, com o que podemos desfrutar de todas as actividades e banhos. No Verão, faz um calor extremo. As recomendações básicas no mar Morto são não engolir água, não salpicar, usar óculos de natação para o caso de nos salpicarem com água, usar sapatilhas de banho DENTRO da água, e, sobretudo, só tomar banho nos sítios delimitados como aptos, pois o solo com cristais em algumas zonas é tão afiado que mesmo com sapatilhas de banho fazem ferimentos graves. É preciso ter cuidado com as crianças e os idosos, pois quando nos pomos a flutuar, voltar à posição vertical requer um certo esforço. Além disso, se estivermos a flutuar numa zona onde não se tem pé, a coisa complica-se um pouco. Se seguir estas normas básicas de segurança e precaução, a experiência do mar Morto será inesquecível para todos.
Jerusalém, história e sentimento
O que posso dizer sobre a cidade mais santa do mundo? Todo o que diga será pouco. Estamos a falar da cidade de Jesus. Da principal cidade de toda a civilização judaico-cristã. Da cidade a partir da qual Maomé subiu aos céus para os muçulmanos. Na minha humilde opinião, não é preciso ir em turismo a Jerusalém. Temos de ir para nos conhecermos a nós próprios, para que os nosso filhos descubram as suas próprias sensações. Não tem que ir para «ver», tem que ir para «sentir» e para «saber». O que cada um se traz dessa visita, é único e diferente. Daí que não vou tentar escrever um «guia» de Jerusalém. Não é Moscovo ou Istambul. É muito mais. É a explicação de 2000 anos de história. E cada um deve tirar a sua lição. Monte das Oliveiras, Ponte do Cedron, Santo Sepulcro, Via Sacra, Última Ceia, Porta Dourada, Esplanada do Templo, etc… Se alguém quiser mais informação, existe um livro que é o mais vendido e lido da história, onde pode encontrar a informação de tudo isso. A Bíblia.
Belém
Também estivemos em Belém. Mas é preciso deixar claro que Belém não é Israel e que está sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestiniana. Isso significa que devemos contactar com uma empresa e guia palestiniana para fazer a visita e que também é preciso passar por um controle de segurança. Mas, à margem disso, Belém merece ser visitada, pois trata-se de um lugar muito especial que tem um grande significado para todos nós, por ser o lugar onde Jesus nasceu. Pisar estas terras juntamente com a sua família é uma experiência que não se vive todos os dias. Encravada nos montes da Judeia, Belém agradará tanto aos adultos como âs crianças.
Última paragem: Galileia
Quando se vai à Galileia a partir de Telavive, uma das primeiras coisas que impressiona é que se atravessa o vale do Armagedon, onde segundo o Antigo Testamento, as forças do bem travarão a última e definitiva batalha contra as forças do mal. Como se diz popularmente, um bom começo para «deixar água na boca». Se depois passarmos por Nazaré, vemos a casa onde Jesus viveu. Tomamos banho no rio Jordão, onde Jesus foi baptizado. E comemos um peixe de São Pedro no mar da Galileia, pois pouco mais se pode acrescentar. Bom, eu acrescentaria que o Peixe de São Pedro é uma tradição, porque tem mais espinhas que carne. Mas se comermos na margem do lago Tiberíades ou na do mar da Galileia, é uma obrigação seguir a tradição.
Para gozar as férias
Já sabe como chegar, como pedir a comida, os lugares que não pode perder e, é claro, precisa da ajuda de um bom guia. Esperamos que estas palavras o ajudem e mostrem da melhor maneira possível o indispensável para poder viajar com a família para um dos destinos mais apaixonantes do mundo. Difícil, complicado, mas sem qualquer dúvida, uma viagem para gozar juntamente com os seus.
Informação útil
Documentação necessária: todos os membros da família terão que levar passaporte com foto.
Idioma oficial: Hebreu e árabe, mas a maioria das pessoas fala inglês.
Moeda: com o euro não terá problemas, embora também possa cambiar para dólares e outras moedas.
Temperatura: varia muito dependendo do lugar; no deserto podem estar temperaturas muito altas enquanto na cidade chove e faz frio.
Corrente eléctrica: na maioria dos lugares não terá nenhum problema porque utilizam as mesmas tomadas que em Portugal, e, se assim não acontecer, o próprio hotel facultar-lhe-á um conversor.
Conselho: aconselhamos fazer um seguro de viagem. Nós pagámos 95 euros para quatro pessoas durante dez dias.
Para mais informações
Turismo de Israel
C/ Fuencarral, 101 – 5º – 6ª – 28004 Madrid
Tel. +34 915 94 32 11
Fax. +34 915 94 43 72